1. |
Às vezes
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Às vezes dói não largar
Não saber dizer adeus
Ou tendo dito
Não saber deixar pra trás
E o que traz essa dor é ânsia
É magoa
É alma desalentada
Que busca calma e clama por alcançar
Às vezes dói não saber:
Não saber melhor, não saber melhor fazer
A despedida
Às vezes dói
E às vezes continua a doer
Já te disse adeus
Mas nunca me despedi de ti
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2. |
é
03:53
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Quis dizer e então disse
Que tentar e então tentei
(eu) pus-me em frente ao precipício
Onde por sacrifício pensei ser rei
Eu sei onde errei
Mas sei que tentei (ser mais)
Eu sei que almejei (alto)
Mas ainda não cheguei (ASSINA)
(nãããã)
Eu não tenho pressa pra essa prece vaga
Se eu não tenho preço e prezo a vida abençoada
E já nem sinto nada aparte do eu que vivo
Estou só a ver a intenção vir dar a bênção d’alma
E a verdade é esta:
não vale a pena andar mais com pressa
porque esta vida é morte e vice-versa
- nós não somos o que se vê!
A dimensão da existência em 3D
Tem uma limitação contígua;
quem crê na permanência
Sofre
Quem vive em dependência
Sofre
Quem busca sempre o céu cansa-se
Se não tiver asas de sonhar
Quem és tu por detrás do pesadelo?
Quem és tu realmente?
se ser belo é ser mutável e quem não muda enrijece
Fica em queda livre o voo por querer ter fora a prece
Concretizada.
em surdina o valor que tem a vida desvanece
se a cegueira coletiva permanece
e a miragem duma terra prometida
alimenta a tirania
no julgar que anestesia o ascender
porqu’esta vida é passagem e quem isto ignora veste
essa morte precoce e altiva
o medo é todo cá –
deixa-me dizer-te que o gajo que compôs os versos já não está cá
deixa-me dizer-te que o gajo que compôs os versos já não está cá
deixa-me dizer-te que o gajo que compôs os versos já não está cá
deixa-me dizer-te
São 20 anos a escrever a compor a cantar encenar -
Progredir por falhar
20 anos de sonhar de saber de soltar
As grilhetas do medo que impedem divagar
E eu nem... sou o que melhor rima ou melhor escreve do percurso donde venho
Fui apenas o teimoso convencido que o esforço poderia dar-me tudo o que tenho
E hoje tenho apenas nada - o tudo imenso que é a minha alvorada
E se mantenho o pé convicto nesta estrada
Foi por aprender que é preciso mudar muito para ser o mesmo e isso basta
E isso basta
Basta?
E isso basta!
Basta!
É preciso mudar muito para ser o mesmo
deixa-me dizer-te que o gajo que compôs os versos já não está cá
deixa-me dizer-te que o gajo que compôs os versos já não está cá
deixa-me dizer-te que o gajo que compôs os versos já não está cá
deixa-me dizer-te
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3. |
outra vez(!)
04:38
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Vou a tempo de voltar pra partir de novo
Rumo a uma liberdade que tirei d’um sonho
Somos pintores, dispomos de paleta
Só que nela falta luz, pró planeta (Somos tinta)
Direcionados numa órbita inquieta
Alucinados pelo poder da moeda
Bloqueados com um poder que segrega
Asfixiados com informação que cega
Torturados num hospício que celebra
Agrilhoados por pensamentos de pedra
Inundados de corações onde impera
Todo o ódio e no fim nós somos merda
E a perda magoa e sentimos que a vida atraiçoa
Porque vemos só o físico e o físico não voa
“Nada existe em si e por si só”. Do permanente só o impermanente.
Sobra a passagem do tempo, no fundo inquieto que é o presente
Fica a certeza conjunta que viver a vida é mais do que suficiente
Difícil é viver pela morte encomendada constante e inconsciente
Sou o tu que é eu neste ser que duvida
Sou a dúvida , a dádiva , a vida
Sou a força que abunda quando a força falta
Sou a dor que sucumbe quando a força volta
Sou o tudo quando o nada me visita
Sou o nada enormíssimo da vida
Esse tudo povoado a alquimia
Onde o palco é consagração da mestria
E se eu tinha ainda tenho porque tudo sou
E tudo o vento levou
E se o se que norteio a comandar o som
É o que fica onde vou
Por fim chego à paragem onde o cais começou
Então é porque fecundou
e se dou desse mar que se abre , então é porque houve
alguém que me ou - viu
sou nada no tudo que agradeço
sou o esforço a tinta permanente
sou a pele descascada
sou a fruta ainda verde
sou lezíria, planície
sou o vácuo, um vórtice um vértice
sou o tudo que acaba e começa
sou nada , eu não acabo em espécie
Vou a tempo de voltar pra partir de novo
Rumo a uma liberdade que tirei d’um sonho
Vou a tempo de voltar e viver o sonho
Pra partir de novo, e rumar ao todo
dizer
Não pude deixar de reparar na tua cicatriz
Silenciosa e tímida, do lado de dentro
Perto desse centro incerto que se fez errante pela força do hábito
Não pude deixar de reparar que ela fala como quem come o céu
Em pequenos pedaços de súplica
Em doses moderadas de infinito a ver se não enjoa o querer ser mais
Não se chega à felicidade só a sorrir
Aprende-se a gritar baixinho para ninguém descobrir
Não sei bem ao que sabe a tua vida nem tenho o que te dizer – já há tantas explicações na vida
Não quero dar opiniões de como viveres a tua vida
Só não consegui deixar de reparar na tua cicatriz
Vou a tempo de voltar pra partir de novo
Vou a tempo de partir, alcançar o todo
Vou a tempo de voltar pra partir de novo
Rumo a uma liberdade que tirei de um sonho
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Diogo Divagações Santa Maria Da Feira, Portugal
Artista multidisciplinar com foco predominante na poesia, tem marcado a sua trajetória desde 2009 com a publicação de dois livros e sua participação em diversos projetos musicais. Destaca-se o trabalho com La Fura del Baus e a recente representação de Portugal no Spoken Word Festival em Varsóvia. ... more
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